domingo, 11 de novembro de 2018

Fiódor Ivanovitch Chaliápin (1873 – 1938)


Alexander Zhebit

Fiódor I. Chaliápin, “cantor-gênio” de ópera russa. Possuindo um baixo, profundo e expressivo, ele fez uma carreira artística mundial.
Nascido em uma família de camponeses em primeiro de fevereiro de 1873 em Kazan, Rússia, Chaliápin iniciou sua carreira vocal em Kazan e em Ufá. Desde 1893 começou a cantar em Moscou e em 1895 foi convidado à Ópera Imperial (atual Teatro Mariínski), em São Petersburgo. Logo depois estreou no famoso Teatro Privado Mamontov de Ópera em Moscou (1896–1899). Entre seus papéis se destacaram Mefistófele (“Fausto”), Ivã, o Terrível (“Pskovitiánka”), Salieri (“Mozart e Salieri”), Ivã Sussánine (“A vida pelo czar”).
Ele cantava de 1899 até 1914 nos Teatros Imperiais - Bolshoi e Mariínski. A partir de 1901, Chaliápin estreou-se no Ocidente, fez uma sensação no La Scala, sob a batuta de Arturo Toscanini. Em 1913, Chaliápin fez turnês em Londres e Paris, patrocinadas por Serguei Diáguilev (“Saisons russes”), onde ele cantou peças tradicionais de ópera, bem como canções folclóricas russas. Entre estas, “Ao longo da Píterskaia” e outra, que se tornou famosa no mundo inteiro, “A Canção dos Barqueiros do Volga”. A estreia do cantor no Metropolitan Opera em Nova Iorque em 1907 repetiu-se em 1921, com o imenso sucesso durante oito temporadas.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Chaliápin cantou no Teatro privado Zimin de Ópera, em Moscou. Após a Revolução Russa de 1917, ele foi tido como um artista reverenciado da recém-emergente Rússia Soviética. Foi nomeado diretor artístico do Teatro Mariínski em São Petersburgo (1918-1921) e agraciado com o título de Artista do Povo pelo governo soviético. A Guerra Civil e suas terríveis consequências para o país levaram-no a abandonar a Rússia, de onde emigrou em 1922. Chaliápin morou, primeiro, na Finlândia e depois mudou para a França. Paris cosmopolita, com uma significativa diáspora de emigrantes russos, onde ele fixou sua residência, tornou-se a cidade onde ele faleceu, em 1938. Em 1984 seus restos mortais foram transferidos para a Rússia e sepultados no cemitério Novo-Dêvitchii, em Moscou. 
Chaliápin foi casado duas vezes. Ele conheceu sua primeira esposa, a bailarina italiana Iola Tornagi (1873-1965), em Nizhny Novgorod, na Rússia. Eles se casaram em 1898 e tiveram seis filhos: Igor, Boris, Irina, Lídia e os gêmeos Feodor Jr. e Tatiana. Ainda casado com Tornagi, Chaliápin tinha relacionamento com Marina Petsold (1882–1964), uma viúva que já teve dois filhos de seu primeiro casamento. Chaliápin, já separado, casou-se com ela em Paris em 1927. Eles tiveram três filhas: Marfa, Marina e Dássia. As duas famílias de Chaliápin viviam separadas, uma em Moscou e outra em São Petersburgo, e não se comunicavam.
Chaliápin desempenhou o papel de Don Quixote, num único filme em que atuou, do diretor G. W. Pabst (“Don Quixote”, 1933). Em 1932, Chaliápin publicou um livro de memórias “O Homem e a Máscara: quarenta anos na vida de um cantor”. Seu trabalho anterior “Páginas da minha vida” foi traduzido para português em 1944 e publicado no Brasil.
O cantor baixo da ópera russa, em sua turnê pela América do Sul (Argentina, Chile, Uruguai) em 1930, veio ao Rio de Janeiro, patrocinado pelo empresário brasileiro Nicolino Viggiani, e cantou uma única vez, no então Theatro Lyrico, em 05 de outubro de 1930.

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