Alexander Zhebit
Fiódor I. Chaliápin, “cantor-gênio” de
ópera russa. Possuindo um baixo, profundo e expressivo, ele fez uma carreira
artística mundial.
Nascido em uma família de
camponeses em primeiro de fevereiro de 1873 em Kazan, Rússia, Chaliápin iniciou
sua carreira vocal em Kazan e em Ufá. Desde 1893 começou a cantar em Moscou e
em 1895 foi convidado à Ópera Imperial (atual Teatro Mariínski), em São
Petersburgo. Logo depois estreou no famoso Teatro Privado Mamontov de Ópera em
Moscou (1896–1899). Entre seus papéis se destacaram Mefistófele (“Fausto”),
Ivã, o Terrível (“Pskovitiánka”), Salieri (“Mozart e Salieri”), Ivã Sussánine
(“A vida pelo czar”).
Ele cantava de 1899 até 1914 nos
Teatros Imperiais - Bolshoi e Mariínski. A partir de 1901, Chaliápin estreou-se
no Ocidente, fez uma sensação no La Scala, sob a batuta de Arturo Toscanini. Em
1913, Chaliápin fez turnês em Londres e Paris, patrocinadas por Serguei Diáguilev
(“Saisons russes”), onde ele cantou peças tradicionais de ópera, bem como
canções folclóricas russas. Entre estas, “Ao longo da Píterskaia” e outra, que se
tornou famosa no mundo inteiro, “A Canção dos Barqueiros do Volga”. A estreia
do cantor no Metropolitan Opera em Nova Iorque em 1907 repetiu-se em 1921, com o
imenso sucesso durante oito temporadas.
Durante a Primeira Guerra
Mundial, Chaliápin cantou no Teatro privado Zimin de Ópera, em Moscou. Após a
Revolução Russa de 1917, ele foi tido como um artista reverenciado da
recém-emergente Rússia Soviética. Foi nomeado diretor artístico do Teatro
Mariínski em São Petersburgo (1918-1921) e agraciado com o título de Artista do
Povo pelo governo soviético. A Guerra Civil e suas terríveis consequências para
o país levaram-no a abandonar a Rússia, de onde emigrou em 1922. Chaliápin morou,
primeiro, na Finlândia e depois mudou para a França. Paris cosmopolita, com uma
significativa diáspora de emigrantes russos, onde ele fixou sua residência, tornou-se
a cidade onde ele faleceu, em 1938. Em 1984 seus restos mortais foram
transferidos para a Rússia e sepultados no cemitério Novo-Dêvitchii, em
Moscou.
Chaliápin foi casado duas vezes.
Ele conheceu sua primeira esposa, a bailarina italiana Iola Tornagi (1873-1965),
em Nizhny Novgorod, na Rússia. Eles se casaram em 1898 e tiveram seis filhos:
Igor, Boris, Irina, Lídia e os gêmeos Feodor Jr. e Tatiana. Ainda casado com
Tornagi, Chaliápin tinha relacionamento com Marina Petsold (1882–1964), uma
viúva que já teve dois filhos de seu primeiro casamento. Chaliápin, já separado,
casou-se com ela em Paris em 1927. Eles tiveram três filhas: Marfa, Marina e Dássia.
As duas famílias de Chaliápin viviam separadas, uma em Moscou e outra em São
Petersburgo, e não se comunicavam.
Chaliápin desempenhou o papel de
Don Quixote, num único filme em que atuou, do diretor G. W. Pabst (“Don Quixote”,
1933). Em 1932, Chaliápin publicou um livro de memórias “O Homem e a Máscara: quarenta
anos na vida de um cantor”. Seu trabalho anterior “Páginas da minha vida” foi traduzido
para português em 1944 e publicado no Brasil.
O
cantor baixo da ópera russa, em sua turnê pela América do Sul (Argentina,
Chile, Uruguai) em 1930, veio ao Rio de Janeiro, patrocinado pelo empresário
brasileiro Nicolino Viggiani, e cantou uma única vez, no então Theatro Lyrico,
em 05 de outubro de 1930.
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